data: 31/08

horário: 20h

local: Sala do Coro do Teatro Castro Alves

Compre Ingressos: clique aqui

classificação: Livre

valor: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

Partida

Com Denise Stutz e Inez Viana | Direção Debora Lamm (RJ)

MOSTRA ARTÍSTICA

O ano era 1999. Uma mulher de 74 anos foi ao teatro assistir ao espetáculo “Partido”, adaptação do Grupo Galpão para o romance “O Visconde Partido ao Meio”, do escritor italiano Italo Calvino. Durante a apresentação, essa mulher tem uma epifania e decide escrever uma carta para o seu amante, um homem 30 anos mais jovem, terminando o relacionamento. A carta nunca foi enviada e ficou guardada por 20 anos, até que a filha a encontrou em uma caixa junto com outras lembranças da mãe.

Essa carta real inspirou as atrizes Denise Stutz e Inez Viana a criarem “Partida”, com direção de Debora Lamm. Depois de estrear como uma peça virtual, “Partida” agora ganha uma versão presencial. O teatro é palco para que Denise e Inez assistam junto com o público à peça em vídeo, numa espécie de comunhão teatral que coloca as artistas e os espectadores em diálogo ao longo da sessão. “O espetáculo agora é um desdobramento daquela primeira obra. Vamos nos relacionar com a plateia e assistir ao vivo à sua reação durante a exibição. Em cena, manipulamos luz, som e o vídeo”, explica Inez.

Na tal carta, a mulher escreve sobre seu relacionamento, angústias e desejos, entrelaçando a sua vida com os temas da obra de Italo Calvino, em uma mistura de realidade e dramaturgia, entre a sua vida com o amante e a vida do personagem do Visconde.

“Apesar de ser uma carta de amor, também fala de morte e incompletude. É muito poética”, diz Inez, que construiu a dramaturgia a partir da carta, de referências culturais do final dos anos 1990 e da história do Visconde dividido ao meio por uma bala de canhão, criado por Calvino. A obra é uma alegoria sobre as dualidades do humano, com suas pulsões de vida e de morte. Sentimentos que foram despertados na mulher e provocaram o rompimento com o amado. “A peça levanta uma série de questões sobre essa mulher. Por que ela nunca enviou a carta? Em qual momento do espetáculo do Galpão ela decide terminar o seu relacionamento?”, pergunta Denise.

Filmada no Espaço Cultural Sérgio Porto em maio, a montagem carrega uma metalinguagem acentuada. A opção por filmar a peça numa plateia de teatro com a câmera parada, sem cortes, faz alusão às inúmeras lives que surgiram nos últimos anos por conta da pandemia da Covid-19. “O jogo entre elas, de escrever essa peça ao vivo, é mais arriscado, assim como o próprio teatro. Uma interseção entre o teatro e as lives, que é um forte retrato da nossa época”, diz a diretora Debora Lamm.

Ficha técnica:
Idealização: Denise Stutz
Dramaturgia: Inez Viana
Direção: Debora Lamm
Intérpretes: Denise Stutz e Inez Viana
Assistente de direção: Junior Dantas
Som: Bem Medeiros
Luz: Daniel Uryon
Direção de Produção: Bem Medeiros

Sobre Denise Stutz
Em 1975, junto com outros dez bailarinos, fundou o Grupo Corpo. Trabalhou com Lia Rodrigues como bailarina, professora e assistente de direção. Foi professora da Escola Angel Vianna durante seis anos. Em 2003, começa a desenvolver seu trabalho solo, se apresentando nas principais capitais do Brasil, França, Espanha, Portugal, África e Austrália. Seus três trabalhos solos foram apontados pelo jornal O Globo como um dos dez melhores espetáculos no Rio nos anos de 2004 (“DeCor”), 2013 (“Finita”), 2015 (“EntreVer”). Seu mais recente trabalho, chamado “Só”, foi considerado destaque também pela crítica do jornal O Globo na programação do Festival Panorama da Dança (2018). Trabalhou com o diretor Luiz Fernando Carvalho como coreógrafa nas minisséries: “Hoje é Dia de Maria”, “Capitu” e “Clarice Só para Mulheres”, e fez parte da equipe para a preparação dos atores da novela “Velho Chico” (TV Globo). Foi duas vezes selecionada pelo projeto Rumos Itaú Cultural com os trabalhos “Justo uma imagem” e “EntreVer”.

Sobre Inez Viana
A carioca Inez Viana é atriz, diretora teatral e dramaturga, com pós-graduação em Direção Artística, pelo Instituto CAL RJ. Desde 2009, dirigiu 16 peças e recebeu diversos prêmios e indicações de melhor direção, como Prêmio Shell, APTR, Questão de Crítica, APCA, Prêmio Contigo e FITA. Dirigiu inúmeros shows, com artistas como Paulinho da Viola, Hamilton de Holanda, Soraya Ravenle, Marcos Sacramento, Vidal Farias, Pedro Miranda, Tuca Andrada, Beatriz Rabello, entre outros. Em 2009, fundou a Cia. OmondÉ, tendo oito peças montadas com sua direção: “Auto de João da Cruz”, de Ariano Suassuna (2020); “A Mentira”, de Nelson Rodrigues (2018); “Mata Teu Pai”, de Grace Passô (2017); “Os Inadequados”, criação coletiva Cia. OmondÉ (2015); “Infância, Tiros e Plumas”, de Jô Bilac (2014); “Nem Mesmo Todo o Oceano”, de Alcione Araújo (2013); “Os Mamutes”, de Jô Bilac (2012); e “As Conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna (2009).

Sobre Debora Lamm
Atriz e diretora teatral, cofundadora da Cia. OmondÉ. Com 23 anos de carreira, já participou como atriz de mais de 20 espetáculos teatrais, mais de dez filmes, sete séries de TV e cinco novelas. Entre os seus trabalhos mais recentes, estão as peças “A Ponte”, de Daniel MacIvor, direção de Adriano Guimarães (2018), “Mata Teu Pai”, “Fatal”, “El Pânico”, “Infância, Tiros e Plumas”, “Cock Briga de Galo”, “Maravilhoso”, a série “O Zorra”, da TV Globo, e os filmes “Chocante”, “Como é Cruel Viver Assim” e “Um Homem Só”. Como diretora, dirigiu sete espetáculos, entre eles “O Abacaxi” (2017), “Suelen Nara Ian” (2019), “Ltda” (2018), “O Palhaço da Guerra” (2014) e “Pedro Malazarte e a Arara Gigante” (2014). Como atriz, foi indicada ao Prêmio APTR e ao Questão de Crítica com o espetáculo “Os Mamutes”, de Jô Bilac e direção de Inez Viana, que também lhe rendeu o prêmio FITA de Teatro na categoria melhor atriz.

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